“Arquitetura…” Teoria Prévia – Por Thiago Rocha

O conceito de arquitetura pode ser simples e complexo. A arte de projetar edifícios, como é classificada comumente nos dicionários, se restringe ao homem moderno, ou talvez nem tão moderno assim, mas exclui o homem primitivo. Podemos entender arquitetura como um conceito de residir, tendo-a como filosofia antes de objeto de criação. Assim, o homem primitivo que se abrigava em cavernas, mesmo que não movê-se uma pedra sequer para modificar o abrigo natural que encontraras, ou seja, mesmo não criando nem modificando o ambiente, ele escolhia o melhor dentre os abrigos para residir, elaborando assim, critérios para a escolha do melhor local, criando desde então um conceito de lugar ideal.

O que vemos hoje como arquitetura é herança de anos de teorias e conceitos criados por influência das sociedades de cada época, sucessivamente. Herança da evolução da humanidade e seus ideais. Podemos afirmar então, que a arquitetura que veremos nos próximos 50 anos, será reflexo da arquitetura que se faz hoje, e a não ser que se anule todo o conceito já existente sobre ela, esta seguirá uma linha de raciocínio lógico e previsível, submissa a tecnologia e tendências, que definem o comportamento social do homem moderno.

Anular todos estes preceitos é o que tenho como a essência da arquitetura, e talvez, a filosofia primordial de influência direta sobre o ser-humano. Já que o conceito de lugar ideal(abrigo) é tão remoto quanto as estratégias de caça e qualquer outro vestígio que defina o início de uma sociedade ancestral. Isto está além de qualquer ideia concebida sobre algo efêmero. Isto remete ao tempo em que toda ação era impulsionada por instinto, inclusive a própria concepção de lugar ideal.

A arquitetura como instinto em buscar abrigo/refúgio se faz presente em qualquer comportamento animal, o pássaro joão de barro (ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_de_barro) inclusive constrói seu abrigo com elementos da natureza, um verdadeiro arquiteto não?! O que hoje nos difere dos demais animais é nosso comportamento racional, que nos influencia em toda e qualquer ação que executemos. O ato de construir/escolher um abrigo, para nós, é influenciado por uma infinidade de fatores, que constituem padrões de arquitetura que a faz como conhecemos hoje.

Podemos comparar civilizações distantes, que nunca mantiveram contato umas com as outras, e que no entanto, possuem semelhantes idéias sobre arquitetura.  Os antigos povos nativos da América, os Incas, os Astecas, os índios, e do outro lado os Gregos, os Romanos, além da instigante arquitetura oriental. Todas possuem elementos em comum, que nos levam a refletir sobre o surgimento de tais, já que foram criados por sociedades com distintas linhas de pensamento e influenciadas somente por si próprias. Os templos Astecas em forma piramidal nos remetem às pirâmides do Egito, ambas construídas numa época em que era impossível um contato físico entre estes dois povos, elementos de influência espiritual, elementos de cunho religioso, coincidências?! O formato clássico de quatro paredes que sustentam um telhado, as portas e janelas em suas formas geométricas. Cômodos… Qual seria mesmo o objetivo? Se proteger do mau tempo e dos predadores? Talvez, nos primórdios… mas a arquitetura se transformou na arte de criar estes espaços, e toda a evolução do ser-humano foi incorporada ao seu habitat, o seu abrigo se tornou o seu lar. Percebe-se a inversão de valores: O homem que vivia no campo e procurava o abrigo por questões de necessidade, e o homem que vive no abrigo e procura o campo por questões de necessidade.

Minha proposta é rever estes conceitos, e não criar uma nova arquitetura, mas sim, recria-la! Buscar respostas para perguntas que só foram feitas uma única vez, romper padrões, e personalizar projetos de estética e funcionalidade.